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21 de agosto de 2025 Artigos

Este conteúdo foi traduzido e desenvolvido com base no artigo “Lifestyle modification in NAFLD/NASH: Facts and figures”, publicado em novembro de 2019 por Kate Hallsworth e Leon A. Adams no periódico JHEP Reports (Vol. 1, nº 6, pp. 468–479). Importante destacar que o artigo foi publicado antes da oficialização da nova nomenclatura MASLD/MASH, por isso pode utilizar os termos NAFLD (doença hepática gordurosa não alcoólica) e NASH (esteato-hepatite não alcoólica). No entanto, as condutas clínicas, orientações de triagem e princípios de acompanhamento descritos seguem plenamente aplicáveis ao cenário atual da prática médica.

 

A doença hepática estatoica associada à disfunção metabólica (MASLD) e sua forma mais avançada, a esteato-hepatite associada à disfunção metabólica (MASH), representam atualmente um dos maiores desafios globais de saúde pública. Com prevalência crescente e associação direta a fatores como obesidade, resistência à insulina, sedentarismo e dietas de baixa qualidade nutricional, essa condição exige estratégias terapêuticas que atuem na raiz do problema. Entre elas, a modificação do estilo de vida permanece como a intervenção mais efetiva e com maior nível de evidência para controle e possível regressão da doença.

 

O artigo de Hallsworth e Adams reúne dados robustos de ensaios clínicos e estudos de coorte que demonstram de forma consistente o impacto positivo de mudanças comportamentais, especialmente no que diz respeito à alimentação e à prática de atividade física. Evidências apontam que uma perda de peso corporal de 5% já é capaz de reduzir significativamente a gordura hepática. Metas acima de 10% estão associadas à melhora histológica e, em muitos casos, à regressão completa da inflamação hepática característica da MASH. Esse efeito se traduz tanto na redução do conteúdo de triglicerídeos no fígado, avaliado por ressonância magnética, quanto na melhora de parâmetros histológicos como esteatose, inflamação lobular e balonização hepatocitária, refletidos no NAFLD Activity Score — hoje adaptado para contextos clínicos com as nomenclaturas atuais.

 

As intervenções mais eficazes descritas são aquelas que combinam dieta e exercício físico, especialmente quando o acompanhamento é supervisionado. Programas que incluem consultas regulares com nutricionistas, treinadores físicos ou equipes multidisciplinares demonstraram maior taxa de adesão, maior perda de peso e maior redução de gordura visceral e hepática quando comparados a abordagens sem supervisão. Além disso, a associação entre alimentação equilibrada — com destaque para padrões como a dieta mediterrânea, rica em frutas, vegetais, fibras, azeite de oliva e proteínas magras — e exercícios regulares promove não apenas benefícios hepáticos, mas também melhora de marcadores cardiometabólicos e da aptidão cardiorrespiratória.

 

Outro aspecto relevante é a persistência dos benefícios. Estudos citados no artigo mostram que os efeitos positivos na composição corporal, na gordura hepática e nos parâmetros metabólicos podem se manter por até cinco anos após intervenções relativamente curtas, de 6 a 12 meses, desde que haja manutenção parcial das mudanças adquiridas. No entanto, manter essas mudanças no longo prazo continua sendo um dos principais desafios. A adesão tende a cair com o tempo, e parte do peso perdido frequentemente é recuperada, evidenciando a necessidade de estratégias de apoio contínuo, como programas de acompanhamento, grupos de suporte e técnicas de motivação baseadas em terapia cognitivo-comportamental.

 

Do ponto de vista clínico, os autores reforçam que a modificação do estilo de vida não deve ser vista apenas como uma recomendação inicial, mas sim como o pilar central do manejo da MASLD/MASH, independentemente da presença de terapias farmacológicas. O envolvimento do paciente, a adaptação das orientações ao seu contexto cultural, social e econômico, e o suporte regular de profissionais de saúde são elementos fundamentais para o sucesso do tratamento. O impacto dessas medidas vai além da saúde hepática, repercutindo positivamente na qualidade de vida, na capacidade funcional e na redução do risco cardiovascular, que é uma das principais causas de mortalidade nesses pacientes.

 

Em síntese, o trabalho de Hallsworth e Adams consolida a evidência de que mudanças estruturadas no estilo de vida — especialmente quando combinadas, personalizadas e sustentadas — têm potencial não apenas para interromper a progressão da MASLD/MASH, mas também para reverter alterações já instaladas. A mensagem central é clara: mesmo diante dos avanços farmacológicos esperados para os próximos anos, a base do tratamento continuará sendo o cuidado integrado e centrado no paciente, com foco na alimentação saudável, na prática regular de atividade física e no suporte contínuo para manutenção dessas mudanças ao longo da vida.

 


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23 de abril de 2025 Artigos

Autores: Baldon RY, Barbosa ACNR, Mesquita NF, et al. Hepatotoxicidade fitoterápica: dificuldades no diagnóstico e tratamento de lesões hepáticas por óleo de borragem. Res Soc Dev. 2025;14(1):e1414147967. doi: 10.33448/rsd-v14i1.47967.

Resumo:

Este estudo apresenta o caso de uma mulher de 53 anos que desenvolveu hepatite após o uso de óleo de borragem (BBorago officinalis), um fitoterápico utilizado para sintomas relacionados à menopausa. Após tratamento com corticosteoides, houve aumento das aminotransferases e surgimento de autoanticorposicorpos sugerindo hepatite autoimune induzida pelo fitoterápico. O tratamento imunossupressor resultou em melhora significativa. Os autores destacam a diversidade de lesões hepáticas induzidas por fitoterápicos e a necessidade de acompanhamento rigoroso dos casos, com possíveis alterações no diagnóstico e conduta durante o tratamento.

 

Leia o artigo na íntegra: Hepatotoxicidade fitoterápica: dificuldades no diagnóstico e tratamento de lesões hepáticas por óleo de borragem

 


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2 de abril de 2025 Artigos

Autores: Abreu ES, Nardelli MJ, Lima AMC, et al. Carvedilol as secondary prophylaxis for variceal bleeding in hepatosplenic schistosomiasis. Trans R Soc Trop Med Hyg. 2022;116(7):663-667. doi: 10.1093/trstmh/trab190.

Resumo:

Este estudo investigou o uso do carvedilol como profilaxia secundária para sangramentos varicosos em pacientes com esquistossomose hepatosplênica. A pesquisa incluiu 60 pacientes que apresentaram sangramento varicoso, sendo 30 tratados com carvedilol e 30 com propranolol. Os resultados indicaram que o carvedilol foi tão eficaz quanto o propranolol na prevenção de novos episódios de sangramento, com uma taxa de recidiva de 10% no grupo tratado com carvedilol e 13,3% no grupo tratado com propranolol. Além disso, o carvedilol apresentou um perfil de efeitos colaterais mais favorável. Esses achados sugerem que o carvedilol pode ser uma alternativa eficaz e segura ao propranolol na profilaxia secundária de sangramentos varicosos em pacientes com esquistossomose hepatosplênica.

 

Leia o artigo na íntegra:Carvedilol as secondary prophylaxis for variceal bleeding in hepatosplenic schistosomiasis


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23 de março de 2025 Artigos

Autores: Bertin Mira G, Silva L, Silva M, et al. Hepatite imunomediada por mecanismo de hipersensibilidade associada ao uso de chá de Ayahuasca: relato de caso. Cad Bras Med. 2024;37(1-4):43-48.

Resumo:

Este estudo apresenta o caso de um paciente que desenvolveu hepatite imunomediada por mecanismo de hipersensibilidade após o uso de chá de Ayahuasca. A pesquisa destaca a importância de reconhecer os potenciais efeitos adversos do consumo dessa substância, especialmente em relação à função hepática. Os autores enfatizam a necessidade de monitoramento médico adequado para indivíduos que utilizam o chá de Ayahuasca, visando a detecção precoce e o tratamento de possíveis complicações hepáticas.

 

Leia o artigo na íntegra: Hepatite imunomediada por mecanismo de hipersensibilidade associada ao uso de chá de Ayahuasca: relato de caso

 

 


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Autores: Salton YD, Possamai JA, Schiavon LL, Narciso-Schiavon L. Celiac disease and cardiovascular diseases. Revista Contemporânea. 2024;4(4).

Resumo:
Este artigo revisa a relação entre a doença celíaca (DC) e doenças cardiovasculares (DCV), explorando fatores imunológicos, metabólicos e inflamatórios que podem conectar essas condições. Apesar de uma dieta isenta de glúten reduzir o risco de complicações associadas à DC, a inflamação crônica e deficiências nutricionais podem predispor pacientes a alterações cardiovasculares, incluindo aterosclerose e miocardiopatia. A revisão destaca a importância do rastreamento de DCV em pacientes com DC e discute potenciais mecanismos envolvidos, como dislipidemia, homocisteinemia e inflamação sistêmica.

Conclusão: Médicos devem estar atentos ao risco aumentado de DCV em indivíduos com DC, promovendo intervenções precoces e rastreamento cardiovascular em casos indicados.

Leia o artigo na íntegra: Doença celíaca e doenças cardiovasculares


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29 de novembro de 2024 Artigos

Autores: Gomide GPM, Camargo FC, Oliveira CCHB. Técnicas de pesquisa para ampliar o diagnóstico, macroeliminação e microeliminação da hepatite C em contextos locais. Rev Soc Bras Med Trop. 2024;57:e00714-2024. doi: 10.1590/0037-8682-0150-2024.

Resumo:

Este estudo de métodos mistos teve como objetivo fortalecer os esforços de eliminação da hepatite C no Brasil, integrando abordagens qualitativas e quantitativas. Os resultados incluíram o desenvolvimento de documentos institucionais, organização de comitês, estratégias de mobilização, modelos para melhorar a conscientização intersetorial, fluxogramas de tomada de decisão, formulários e protocolos de serviços de saúde. A aplicação dessas técnicas gerou conhecimentos valiosos que podem ser adotados em diversas regiões do Brasil, especialmente em áreas com diversidade econômica e sociocultural.

 

Leia a íntegra do artigo: Técnicas de pesquisa para ampliar o diagnóstico, macroeliminação e microeliminação da hepatite C em contextos locais


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29 de agosto de 2024 Artigos

Autores: Cançado GGL, Couto CA, Terrabuio DRB, et al. Response to Ursodeoxycholic Acid May Be Assessed Earlier to Allow Second-Line Therapy in Patients with Unresponsive Primary Biliary Cholangitis. Dig Dis Sci. 2023;68(2):514-520. doi: 10.1007/s10620-022-07654-x.

Resumo:

Este estudo multicêntrico brasileiro avaliou a resposta precoce ao ácido ursodesoxicólico (UDCA) em pacientes com colangite biliar primária (CBP). Os resultados sugerem que a avaliação da resposta ao UDCA pode ser realizada já aos 6 meses de tratamento, permitindo a identificação precoce de pacientes não respondedores que poderiam se beneficiar de terapias de segunda linha. Essa abordagem pode otimizar o manejo da CBP, melhorando o prognóstico dos pacientes.

 

Leia o artígo na íntegra: Response to Ursodeoxycholic Acid May Be Assessed Earlier to Allow Second-Line Therapy in Patients with Unresponsive Primary Biliary Cholangitis

 

 


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30 de julho de 2024 Artigos

Autores: Cançado GGL, Fernández-Rodríguez CM, Olveira A, et al. Editorial: Desvendando o impacto real das terapias de segunda linha na colangite biliar primária – Hora de mudar nossos alvos? Aliment Pharmacol Ther. 2024;60(1):89-90. doi: 10.1111/apt.18032.

Resumo:

Este editorial discute a eficácia das terapias de segunda linha na colangite biliar primária (CBP), enfatizando a necessidade de redefinir os objetivos terapêuticos. Os autores sugerem que, além da redução dos níveis de fosfatase alcalina, é crucial avaliar a histologia hepática e os sintomas clínicos para uma avaliação mais abrangente da resposta ao tratamento. Eles destacam que a abordagem terapêutica deve ser individualizada, considerando a heterogeneidade da doença e a resposta variável aos medicamentos.

Leia o artigo na íntegra: Editorial: Desvendando o impacto real das terapias de segunda linha na colangite biliar primária – Hora de mudar nossos alvos? 

 


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2 de junho de 2024 Artigos

Autores: Gelape FA, Couto CA, Cançado GGL. β-Blockers in Hepatosplenic Schistosomiasis: A Narrative Review. Am J Trop Med Hyg. 2023;109(6):1213-1219. doi: 10.4269/ajtmh.23-0437.

Resumo:

Este estudo revisa o uso de betabloqueadores na esquistossomose hepatoesplênica (EHS), uma complicação grave da esquistossomose crônica que pode levar à hipertensão portal e sangramentos varicosos. A pesquisa indica que os betabloqueadores podem reduzir a pressão portal e prevenir eficazmente o sangramento varicoso em pacientes com EHS. No entanto, há dados limitados sobre a eficácia e segurança a longo prazo desses medicamentos nesse contexto, sendo necessária mais pesquisa para determinar seu uso ideal.

 

Leia o artigo na íntegra: β-Blockers in Hepatosplenic Schistosomiasis: A Narrative Review

 

 


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5 de maio de 2024 Artigos

Autores: Manuel Mendizabal, Guilherme Grossi Lopes Cançado, Agustín Albillos. Baveno VII recommendations. Ann Hepatol. 2024 Jan-Feb;29(1):101180. doi: 10.1016/j.aohep.2023.101180.

Resumo:

Este artigo revisa as recomendações do consenso Baveno VII sobre hipertensão portal clinicamente significativa (HPCS). Os autores destacam o papel crescente dos testes não invasivos (TNIs), especialmente a medição da rigidez hepática (LSM), na prática clínica diária. A combinação de LSM com a contagem de plaquetas pode ser utilizada para diagnosticar e excluir doença hepática crônica avançada compensada (cACLD) e HPCS. Além disso, eventos de descompensação foram definidos como um estágio prognóstico associado a uma mortalidade ainda maior do que a associada à primeira descompensação. O termo “recompensação hepática” foi introduzido, implicando regressão parcial ou completa das alterações funcionais e estruturais da cirrose após a remoção da etiologia subjacente.

 

Leia o artigo na íntegra: Evolving portal hypertension through Baveno VII recommendations

 

 


Dr. Carlos Terra
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