Para alcançar o trabalho do Mestre Didi, cuja obra transita entre as artes visuais e o culto dos ancestrais da África negra, é necessário mergulhar nas raízes da cultura brasileira, baiana, em suas relações passadas e no tempo contínuo.
Rubem Valentim, baiano de Salvador, nasceu num sobrado com sacadas de ferro, à Rua Maciel de Baixo, 17, Distrito da Sé em 1922. Ainda criança, aos três anos de idade, se interessou pela arte ao descobrir a cor azul, ao disputar um caco de garrafa perdido no meio da rua. De pais pobres, foi o primeiro dos seis filhos.
Os corpos se despem, falam em seus movimentos e na sua geografia, cada corpo é um mapa de si. Dos corpos perfeitos aos quais somos bombardeados dia e noite pela publicidade, não sobrou nada. Esvaneceram as cicatrizes, os cabelos brancos, os pequenos defeitos. Sumiu o indivíduo, sua essência, sobrou a imagem modificada e tratada até a exaustão.